2009/07/01

Não desbaratem o tesouro do Ramal da Lousã!


Segundo Fátima Ramos, presidente da autarquia de Miranda do Corvo, que se considera e apregoa aos sete ventos, defensora da rede ferroviária e dos interesses da/os mirandenses, o tram-train será o sistema mais confortável e cómodo para a linha do Ramal da Lousã.

O núcleo do BE de Miranda do Corvo bem a entende quando a vê numa foto no jornal local, numa curta viagem nas oficinas da Metro do Porto. Vai em pé a Sra. Presidente, primeiro porque a viagem é só para jornalista ver e depois, talvez num rasgo de curiosidade, para ter uma pequena ideia do que será depois com o tram-train em que só haverá 100 lugares sentados, ao contrário dos 328 nas automotoras que agora circulam. Se agora em hora de ponta já muitas pessoas ficam em pé, então nessa altura mais vale levarem logo o banquinho para se sentarem pelos corredores fora.

Interessante é o facto de ao contrário dos municípios vizinhos que já analisaram a proposta feita pela Metro Mondego em relação ao transporte alternativo e apresentaram sugestões, de Miranda nada se sabe: propagandeia-se o tram-train e “manda-se à fava” o interesse da/os utentes da linha do Ramal da Lousã. E tudo isto sempre com o chavão que se trata de “uma câmara sem segredos, com uma gestão transparente”.

Melhor ainda é achar que essa gestão transparente assenta no diálogo, quando a câmara até hoje nada fez para esclarecer aquela/es que todos os dias utilizam esse meio de transporte. Mas quem ouvir a Sra. Presidente fica convencidíssimo que sempre esteve do lado daquela/es que defendem a electrificação da linha e melhoria do material circulante. Só não sabe muito bem explicar porque mudou de ideias, esquecendo-se de quem lhe deu votos quando ganhou pela primeira vez as eleições. O Núcleo do BE já está mesmo à espera que antes das eleições autárquicas a edilidade jogue um dos seus famosos números demonstrando que afinal sempre esteve do lado daquela/es que reclamam dignidade no transporte.

Terá então que explicar como pretende servir o interesse da/os mirandenses com problemas de mobilidade, sabendo que o transporte alternativo rodoviário não irá até aos apeadeiros mas ficará pela estrada principal, tal como já afirmou o presidente da Metro Mondego. Terá também que explicar como será em relação às pessoas, por exemplo com mais de 65 anos, que perderão toda e qualquer regalia de passe social, uma vez que a exploração da linha será feita por uma empresa privada. De igual forma explicará como a sua promessa de desenvolver o concelho será cumprida, quando for desactivado o comboio e passar-se a viajar em autocarros que demoram o dobro do tempo actual. Quem quererá viver ou vir viver para Miranda?

A autarquia luta pelo IC3, e muito bem, mas deixa arrancar a bitola nacional, isolando o concelho do resto do país. Interessante que na linha de Guimarães foi feito precisamente o contrário. Já muito se falou sobre o encerramento do Ramal da Lousã e o núcleo do BE só pode lamentar que não haja uma mobilização de todas as forças, políticas ou não, do concelho para que se impeça esta barbárie em nome de um falso progresso. Luta-se pela recuperação do Tesouro de Lamas e deixa-se perder o Tesouro da Linha Centenária do Ramal da Lousã!

Miranda do Corvo, 30 de Junho de 2009