2008/05/13

Projecto Turístico















Projecto Turístico:

Tratar-se-á de alarmismo ou de realismo preventivo?

O concelho de Miranda do Corvo conserva uma variedade de recursos, que deverão ser preservados e são suficientemente importantes para atrair turismo de qualidade, que valorize os recursos naturais e culturais e gere baixos custos ambientais.

Há dias, afirmava ao jornal Público, o vereador Sérgio Seco, que aquele terreno ficaria verdejante. Certamente que ficará verde, mas numa tonalidade que nada tem a ver com o que existe até agora. Num campo de golfe a beleza natural do ecossistema é substituída por uma beleza artificial. A flora autóctone é substituída pela relva e são introduzidas plantas exógenas com riscos de surgimento de novas pragas.

A construção de um campo de golfe produz um enorme impacto ambiental, quer pela grande extensão do solo utilizado, pela erradicação da flora e fauna autóctones e pela implantação de milhares de toneladas de terra para reconfigurar o seu relevo. A camada superficial do solo é substituída por várias camadas de gravito, terra vegetal e areia, para que o solo drene e o jogador possa caminhar num solo mais brando.

Um aldeamento turístico instalado num terreno com 100 hectares a incluir um campo de golfe de 18 buracos consume cerca de 750 000 metros cúbicos de água/ano, o equivalente ao consumo duma localidade com 7500 habitantes - o mesmo número de habitantes da vila. Este projecto representa um enormíssimo sorvedouro de água no concelho ou seja a duplicação do consumo de um bem escasso.

Afirmava também Sérgio Seco que a empresa iria captar as águas necessárias para consumo nesse aldeamento com campo de golfe. Já terão sido descobertos os locais onde serão captadas as águas? Parece, afinal, que há água no concelho. A questão das águas não tem sido pêra doce para os vários executivos camarários do PS e PSD, quer pela sua escassez quer pela sua qualidade. Os infindáveis comunicados da autarquia, cada vez que a água está imprópria para consumo, demonstram que isto ainda se irá arrastar. As Águas do Mondego, onde a Sra. Presidente é vogal, resolverão toda esta questão?

Um campo de golfe deixou de ser uma mera actividade desportiva ou de ócio e passou a ser um grande negócio de especulação imobiliária. Os promotores, que compram terrenos a baixos preços, que depois são requalificados como solos urbanizáveis e revalorizados, ganham rios de dinheiro nestas operações de mercado. Haverá ou não contrapartidas aliciantes para a alteração do PDM?

Um campo de golfe de 18 buracos custa cerca de 17 milhões de euros e os gastos na sua manutenção anual rondam os 700.000 euros. Ora se um jogador de golfe gasta cerca de 230 euros diários, mas cerca de 85% desse dinheiro é dentro das instalações (restaurante, aluguer de equipamento, etc.), o Núcleo do Bloco de Esquerda de Miranda do Corvo considera que este projecto não tem interesse para a maior parte da população, nem representa uma actividade sustentável para o concelho. Por isso, continua a defender:

# um estudo do impacto ambiental que este projecto poderá causar no concelho;

# uma consulta pública e um referendo local para aferir da vontade das populações:

# um investimento no turismo que interesse pela natureza e pelo património cultural.

UM OUTRO TURISMO É POSSÍVEL…