2006/02/06

A DOENÇA DA SAÚDE

O Núcleo do Bloco de Esquerda de Miranda do Corvo não pode deixar que a expectativa em relação aos Centros de Saúde e, mais em concreto, em relação ao serviço de urgências de Miranda do Corvo, se perpetue sem que nada mais seja dito e feito.
Já há muito que todas e todos sabemos que as estruturas do Serviço Nacional de Saúde estão em ruptura. Não há novos médicos para substituir os que estão a reformar-se. Existe um problema de falta de recursos humanos que não podemos ignorar. Não é possível continuar com um serviço de saúde sem que haja o mínimo. É necessário repensar qual a utilidade de unidades subapetrechadas, em que a/o doente sabe que ali, só com sorte, conseguirá resolver o seu problema. É premente requalificar e não apenas retirar. Se o Ministério da Saúde está a pensar em encerrar sem criar alternativas, o BE opõe-se firmemente.
O Núcleo do BE de Miranda defende que deverá ser criado um pólo avançado de urgência em que convirjam um conjunto de unidades de saúde. Não é solução o encerramento dos serviços de urgência nos vários concelhos, uma vez que, os hospitais centrais, nomeadamente os HUC, ficariam sobrecarregados.
É necessário um serviço que funcione vinte e quatro horas por dia, com uma unidade de tele-medicina, um desfibrilhador, radiologia, um centro de análises, um call centre, uma ambulância devidamente apetrechada e a devida formação dos profissionais que continua esquecida.
È fundamental repensar as extensões dos Centros de Saúde abertas uma vez por semana. Valerão a pena os custos de um médico que se desloca para atender, durante duas horas, no máximo, dois utentes? De igual forma, é importante que o doente consiga ter consulta no próprio dia com o seu médico de família, sem ter que recorrer ao Serviço de Urgências, evitando a ida ao Centro de Saúde às cinco da manhã.
O poder autárquico não poderá ficar de fora e, muito menos, ignorar as suas responsabilidades. Para criar esse pólo são necessárias: boas acessibilidades, cooperação ao nível do investimento tecnológico, um espaço físico adequado, condições para um atendimento de qualidade em que as e os utentes sintam que ali tudo existe para servi-los.
Cabe aos cidadãos e cidadãs ter uma palavra a dizer, pressionando a Administração Regional de Saúde para que, com a máxima brevidade, apresente um estudo sobre a melhor localização desse pólo avançado. Naturalmente, caso já exista um parecer que indique o Centro de Saúde de Miranda do Corvo como o que apresenta melhores condições, até porque acabou de ser remodelado, deverá ser cuidadosamente cumprido.
Não se pode enterrar a cabeça na areia e aceitar como mero fatalismo aquilo que querem tirar, sem que sejam dadas alternativas. O núcleo do BE acredita ser possível tratar a doença da saúde através da mobilização cívica das/dos munícipes, sem espírito bairrista, mas com a plena consciência da defesa do direito à saúde. Com a saúde não se brinca.
Núcleo do BE de Miranda do Corvo, Fevereiro de 2006