2008/05/06

NOVO PROJECTO TURÍSTICO : UM SOL ENGANADOR...

O núcleo do Bloco de Esquerda de Miranda do Corvo não pode ignorar a notícia que saiu, há dias, em vários órgãos de comunicação, na qual a presidente do executivo de Miranda do Corvo, Fátima Ramos, afirmava que tinha sido sondada para a construção de um aldeamento turístico num terreno de 100 hectares a incluir um campo de golfe com 18 buracos.

Que contrapartidas estarão na mesa para que se possa ceder um local privilegiado ou haverá gato escondido com rabo de fora? Se um hectare corresponde a um campo de futebol, 100 hectares corresponderão a cem campos de futebol. Se três partes do terreno serão destinadas à prática de golfe, as duas partes restantes - o equivalente a 40 campos de futebol - serão para construção imobiliária. O que estará na verdade em jogo, não serão apetites imobiliários?

Que viabilidade haverá para que esta actividade desportiva tenha resultados positivos ou pretende-se tapar o sol com a peneira? O bom senso diria que é impossível captar turistas para todos os campos de golfe que irão surgir nesta região, que nem cogumelos desde Poiares a Coimbra e da Mealhada à Figueira da Foz. O golfe não parece ser uma actividade desportiva fundamental para desenvolver o concelho de Miranda do Corvo.

Que “bom senso” pode subordinar a decisão de se suspender o PDM por causa de uma possível exploração de caulinos e depois entregar esse extenso território para a actividade turística com uma simples carta de intenções mal explicada, contrariando as expectativas das populações que não foram consultadas? Ou será que se estaremos numa situação de dois pesos e duas medidas?

E que prioridades existem quanto à “velha” questão das águas? Um campo de golfe com 18 buracos necessita anualmente de cerca de 0,75 milhões de metros cúbicos de água, o que equivale ao consumo de uma cidade com 7500 habitantes. Isto significa que o consumo de água irá aumentar bastante no concelho de Miranda do Corvo, mesmo sabendo das graves carências que existem quanto a este recurso natural.

O núcleo do Bloco de Esquerda de Miranda do Corvo considera que este projecto não terá um impacto positivo, porque implica um exagerado acréscimo da betonização do território e um aumento exponencial do consumo de água no concelho. Por isso defende:

- A realização de um referendo local ou uma consulta pública sobre este assunto: que impactos e soluções alternativas.

- Uma campanha de sensibilização sobre a escassez da água, ao nível de escolas, bairros e freguesias.

- A construção de um parque temático integrado num programa educacional e de atracção turística.


UM OUTRO TURISMO É POSSÍVEL…