2008/06/01

Autarquia mirandense não se pronuncia?



















O Núcleo do Bloco de Esquerda de Miranda do Corvo muito se admira que a Câmara Municipal de Miranda do Corvo não se pronuncie em relação ao projectado “tram-train” para o Ramal da Lousã. Se em 2001, a Sra. Presidente da autarquia mirandense foi uma defensora acérrima da electrificação e modernização do Ramal da Lousã, hoje nada sabemos a esse respeito. Será que, em 2001, em plenas eleições autárquicas, apoiando claramente a Comissão de Utentes do Ramal da Lousã, a sua posição era diferente da de hoje? Queremos acreditar que o seu silêncio nada tem a ver com o facto do seu chefe de gabinete fazer parte da administração da Metro Mondego e auferindo por isso um determinado salário.

O BE de Miranda defende, tal como sempre defendeu, a electrificação e modernização do Ramal da Lousã, o seu prolongamento até Góis e Arganil, sem separação da Rede Ferroviária Nacional, assim como o regresso do transporte de mercadorias. Nós agradecemos e o ambiente também, que os produtos de empresas como o Licor Beirão sejam transportados pela linha do caminho-de-ferro. Os transportes de mercadorias ao acabarem em 1992 prejudicaram claramente os interesses económicos da região. Alguém ignora a actual crise dos combustíveis?

Recusamos a destruição incondicional dos actuais carris, quando não existem garantias políticas claras. Ao deixarmos que se faça a remoção da actual bitola, sujeitamo-nos a uma perda irremediável. Se faltarem as verbas, se houver falência ou se houver mudança de Governo, os utentes da actual ferrovia poderão ficar “com as mãos a abanar”.

Os modernos projectos ferroviários do país passam pela bitola ibérica. Basta ver o recente caso da Linha de Guimarães, onde se fez precisamente o contrário do que se pretende fazer no Ramal da Lousã: a via estreita é que deu lugar à bitola ibérica. Neste momento os utentes dessa linha podem ir confortavelmente de Guimarães até Santa Apolónia. Há que haver garantias, a própria autarquia nada diz, onde arranjá-las?

O núcleo do BE de Miranda do Corvo apoia o recentemente criado Movimento de Defesa do Ramal da Lousã quando defende que deve ser suspensa qualquer alteração definitiva no Ramal da Lousã sem que seja feito, divulgado e discutido publicamente um estudo que pondere a electrificação e modernização, quer das infra-estruturas, quer do material circulante. Até porque são os próprios técnicos credenciados a defender que é menos dispendioso e mais benéfica a electrificação deste ramal centenário. Por outro lado, quem garante a manutenção do preço das tarifas e como será quando a linha estiver interrompida e os utentes terão que utilizar os autocarros? Ao preço que está o gasóleo, quanto se pagará por um bilhete para Coimbra? Com a electrificação a circulação não será interrompida, pois os trabalhos serão feitos durante a noite.

Nada temos contra o “tram-train”na malha urbana da cidade de Coimbra, mas o sonho da comodidade foi o próprio Presidente da Metro Mondego quem o dissipou. Sabemos hoje que não será possível fazer uma viagem de Serpins aos HUC sem que haja transbordo. Trata-se de pura ilusão.

Vamos todos defender o Ramal da Lousã! Exigimos rigor na utilização de dinheiros públicos, exigimos transparência quando se trata do único meio de transporte para as populações mais carenciadas.

Miranda do Corvo, 30 de Maio de 2008


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