2006/01/24

SEJAMOS JUSTOS EM VEZ DE MESQUINHOS

[No passado dia 9 de Novembro celebrou-se] o Dia Contra o Racismo. Não é possível deixar passar esta data em branco sabendo que continuam a existir manifestações racistas, sabendo que muitos de nós continuam a despoletar a indiferença e a discriminação em relação a pessoas oriundas de outros países. Em pleno século XXI, continuamos a colocar como bode expiatório de todas as nossas desgraças, todos aqueles que são diferentes de nós. Depende das zonas onde vivemos, mas não somos pobres a apontar o dedo: ora são os chineses, ora são os “pretos”, ora são “os do leste”. Já para não falar na prata da casa - os ciganos. Todos nos incomodam. Sendo nós um povo de emigrantes, pergunto-me quando paramos para pensar e aceitar de uma vez por todas que, tal como gostamos de ser bem recebidos nos outros países, também devemos receber bem quem chega ao nosso. Faz parte da cultura de um povo receber e aceitar todos aqueles que tenham outros costumes, outras formas de pensar, tendo muitas das vezes uma formação superior à sua. A fama de hospitaleiro não deve funcionar só para os turistas. A diversidade significa enriquecimento, diferença é sinónimo de valorização do ser humano. Até porque, muitas das vezes as pessoas são discriminadas só por uma questão económica. Se tiverem dinheiro, até podem ser às riscas ou terem a pele cinzenta que já não importa.
Inventar desculpas falaciosas como o desemprego, o crime e esquecer tudo aquilo que está a ser feito por um Portugal mais fraterno, mais aberto, mais desperto para o mundo envolvente, parece-me que não é a melhor via. Curiosamente foi precisamente num dia 9 de Novembro, mas de 1989, que se abriram as fronteiras da Alemanha Oriental tendo sido destruído o Muro de Berlim. Deu-se o triunfo da democracia e a derrota do autoritarismo. Parece-me que a destruição dos 166 quilómetros do Muro da Opressão simbolizam precisamente a abertura, neste caso, dentro do mesmo povo. Não quero entrar em questões como a dicotomia socialismo/ capitalismo, interessa-me sim salientar que, quanto mais fechado um povo é, maior propensão para o dogmatismo e obscurantismo existe. Sejamos justos em vez de mesquinhos. Todos temos a ganhar com isso.

Não posso terminar sem desejar um excelente mandato aos autarcas que tomaram posse no passado dia 28 de Outubro. Tal como a Sra. Presidente, Fátima Ramos, referiu no seu discurso de tomada de posse, no Bloco de Esquerda de Miranda do Corvo existem pessoas com vontade de colaborar. Respeitamos a votação da(o)s mirandenses nestas eleições autárquicas e desejamos que este novo mandato seja pautado pelo progresso e desenvolvimento do concelho, sendo ouvida(o)s toda(o)s a(o)s cidadã(o)s de Miranda do Corvo. Defendemos a participação cívica, o envolvimento das populações e uma perspicácia democrática que permita a abertura a todas as forças políticas do concelho.
Júlia Correia, Núcleo do BE de Miranda

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