2005/11/09

Acessibilidades


Como nota introdutória pretendemos condenar a leva de obras viárias que nestes últimos meses encurralaram e esventraram Miranda, num cerco apertado de máquinas e operários, de contrariedades e desconforto, isolando aldeias, sitiando a vila, impondo percursos e atalhos anormalmente extensos aos mirandenses e visitantes. A horda de trabalhadores ocupou Miranda em todos os seus acessos, desconsiderando os seus habitantes, numa manobra de absurda e denunciativa “caça ao voto”. De que outro modo se poderiam classificar estas obras, realizadas imediatamente antes e sobre as eleições autárquicas, obras estas que nunca teriam a visibilidade necessária se feitas noutra altura ou em menor escala, em épocas susceptíveis de menor congestionamento e/ou faseadas por ruas? Populismo gratuito e desonestidade intelectual é como as classificamos!


Miranda do Corvo continua longe, muito longe de Coimbra.

Miranda necessita de ligações viárias de qualidade, para não viver à sombra do transporte ferroviário que a marca como dormitório de Coimbra, precisa de soluções viárias capazes para vencer o isolamento a que a votaram a passividade dos anteriores executivos. A ausência de ligações rodoviárias eficazes estrangula o desenvolvimento da vila, impede que mais indústria se fixe, leva outras a ponderar a sua saída (levando consigo os tão necessários empregos), afasta eventuais visitantes e empurra potenciais moradores para outras paragens que não têm esta problemática de acessibilidades. Miranda conta sobretudo com uma inacessibilidade envergonhada e vergonhosa.

A ferrovia é uma mais valia para o concelho mirandense mas circula não sem inúmeros problemas (como sejam a interminável questão do Metro Mondego - que rejeitamos veementemente em favor de uma mais realista electrificação da linha da Lousã, as composições envelhecidas e seus decrépitos apeadeiros e estações e ainda a irregularidade dos horários e insuficiência de carruagens a horas de menor e maior afluência de viajantes, respectivamente). A Cp deve apostar claramente na manutenção e exploração das linhas férreas, devendo pôr de lado o encerramento e a entrega a privados da exploração das mesmas – aliás, não se entende muito bem, como é que noutros países europeus se procede ao alargamento do número de quilómetros de via férrea e em Portugal se procede em nome do lucro (!), ao encerramento de ramais. Por outro lado, pretende ainda o BE pedir um esclarecimento relativamente ao montante dos salários pagos pela Metro Mondego e do dinheiro público desbaratado por esta empresa, já que o projecto não avançou nem um milímetro.

Mas os cidadãos de Miranda não podem depender unicamente do caminho de ferro para chegarem à capital de distrito ou outros destinos e entendemos como fundamental a beneficiação da rede de estradas concelhia e das ligações regionais e inter-concelhias, seriamente degradadas e descuidadas ou deficientemente realizadas.

As responsabilidades serão sempre do executivo camarário mirandense pois constituem o porta-voz eleito das gentes de Miranda e os elementos de pressão natural, junto do Governo e do EP para a rectificação de traçados principais conduzidos por mãos incompetentes (como a EN342 e a EN17).

No caso da segunda estrada, chamada de das Beiras e de importância regional, é vítima de obras sobre obras desde 2001; soma trabalhos de reparação sobre trabalhos de rectificação numa empreitada que estava programada para durar um ano e se prolonga até hoje, já em 2005. É necessária uma posição de força para ver terminada esta obra de “Santa Engrácia” e é absolutamente necessário responsabilizar os culpados de tanta incompetência e desperdício de recursos.

A mesma situação repete-se na EN342, via vital de ligação peri-urbana e à A1, depois de decénio e meio (16anos!!) de constantes obras e adiadas esperanças para a população de Miranda, que continua a depender de vias secundárias e perigosas para sair e aceder às terras mirandenses, seja por via de Lamas, dos Moinhos, de Vale de Colmeias ou Segade. O troço da EN342 é tortuoso e serpenteante e convida a quem nele circule a um qualquer inesperado despiste. O segmento recém inaugurado com destino a Condeixa segue a mesma cartilha de irracional desenho de estradas. Pretendemos uma séria revisão e correcção desta variante a Miranda, por primordial necessidade.

Também as estradas municipais e camarárias precisam de atenção especial, de rectificação de traçados, revestimentos e bermas, convertendo estas em reais e seguros passeios e não apenas em meros escoamentos de águas pluviais em detrimento da circulação segura de peões. Defendemos ainda, a ligação da vila a todos os lugares do concelho, através de autocarros, com horários que sirvam as populações, deixando assim de haver lugares inacessíveis no concelho, contrariando a tendência de desertificação rural.

Estas obras de melhoramento constituem um processo de desenvolvimento fundamental a que o BE vai dedicar especial atenção porque consideramos Miranda com um potencial turístico e de fixação populacional descurado. Vamos colaborar como oposição competente, com contribuições construtivas e ocasionais lembretes.

Queremos que Miranda ocupe um lugar de destaque na GAM de Coimbra e que se posicione como local de atractibilidade turística beirã. Queremos o comboio potenciado como elemento turístico e convertido num veículo moderno, rápido e eficaz de transporte de massas. Queremos que o executivo agora eleito assuma as suas responsabilidades perante a população mirandense e realize todas estas obras necessárias ao seu conforto e progressão.
Núcleo do BE de Miranda do Corvo

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