Ana Costa começou por fazer uma reflexão sobre os Direitos das Mulheres numa era da globalização, “a questão da desigualdade de géneros já não pode ser tratada só a nível nacional”. Debruçou-se sobre o tema de tráfico de pessoas para fim de exploração sexual que movimenta elevadas somas, havendo um crime organizado internacional igual ao tráfico de drogas ou armas. O processo é quase sempre o mesmo: começa com a violação, retiram-se os documentos à vítima que fica dependente e subjugada. Quase sempre as mulheres traficadas vêm de países mais desfavorecidos.
Este crime só pode ser combatido através de parcerias e a nível internacional. Associado às redes de tráfico estão os grandes eventos, como será o Europeu na Alemanha onde se calcula que venham a ser traficadas 40.000 mulheres. Já estão a ser construídos mais bordéis e caixas de “performance” junto aos estádios.
A Plataforma Portuguesa dos Direitos das Mulheres não se pronuncia sobre legislação, mas sim sobre o tráfico. Aquando do Europeu 2004 em Portugal, em Coimbra as prostitutas aumentaram, principalmente prostitutas negras, pois os adeptos das duas equipas eram de países nórdicos e geralmente procuram a aventura “diferente”.
Cristina Santos focou a sua intervenção na transgeneralidade, lesbianismo e transsexualidade. Começou por referir que uma mulher lésbica é duplamente discriminada: porque é mulher e porque é lésbica. Deu vários exemplos de discriminação como Teresa e Helena, Liliana, Gisberta, que vêem os seus direitos atropelados em nome de uma normalidade que por si só é inexistente. “Não podemos esquecer que ainda há bem pouco tempo uma estudante, num shopping em Coimbra, viu ser-lhe vedada a compra de uma botas, simplesmente por ser de origem africana”.
Sandra Silvestre, da “Acção para a Justiça e Paz”, iniciou a sua apresentação com um documento cujo tema foi “Não basta termos razão” onde é abordada a questão da paridade: “Acreditamos que o sentido último do feminismo é uma cultura de paz”; “As mulheres são fazedoras de paz, uma democracia paritária, inclusiva e participativa, sem paternalismos, nem materialismos, é possível”.
Sandra mencionou a imagem estereotipada e sexista que é passada da mulher, a referência ainda existente das práticas masculinizadas do poder e na difícil tarefa de conciliar vida doméstica com vida profissional: “apesar dos avanços, a discriminação com base no género continua”.
Alda Macedo, deputada do Bloco de Esquerda, acredita na paridade e “nas leis da paridade que vão dar mais visibilidade à participação pública das mulheres.”; “ A paridade irá depois ter repercussões a nível da sociedade e começará a alterar os estereótipos e a romper com o círculo de reprodução de papéis tradicionais e estereotipados”.
Segundo Alda Macedo, “todos os dias assistimos à violência simbólica enquanto continuamos a ter a loura e a morena no anúncio da cerveja, por exemplo.” Para a deputada do BE, temas como o aborto, a mutilação genital, o direito à orientação sexual, não devem ser esquecidos, mas sim lembrados e discutidos. “Não devemos de ter medo de sermos feministas, até porque há vários grupos de feministas e o papel da mulher na sociedade não deve ser menosprezado ou diminuído pelo receio de utilizar um conceito que a nós diz respeito”.
Mirante
Imagens da Conversa Temática do BE
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