Não compreendemos as declarações que vão sendo proferidas em relação ao atraso, suspensão ou mesmo extinção das obras. A Presidente de Câmara, Fátima Ramos, vem agora muito indignada pedir que o governo seja metido em tribunal, tendo-se esquecido que, aquando do arranque dos carris em Serpins, toda sorridente nada declarou contra! Nada fez para impedir que o processo avançasse ao contrário de outras autarquias que fizeram parar o sistema quando viram os seus interesses em causa. Enquanto autarquia deveria ter defendido os seus munícipes, enquanto autarca deveria ter pensado duas vezes antes de arrasar um serviço com 100 anos de existência. Esqueceu-se que a sua primeira função é defender aqueles que a elegeram. Também não se compreende que o maior partido da oposição que desde sempre defendeu o projecto venha agora pedir de forma submissa que o mesmo não seja parado.
As pessoas sentem-se enganadas, compraram habitação no concelho, procuraram melhorar a sua qualidade de vida e vêm as suas expectativas goradas. Contra os alertas que o BE veio a transmitir, chamando a atenção para a megalomania do projecto, para os elevados montantes que estavam em jogo, sociais-democratas e socialistas irresponsavelmente ignoraram os avisos e não acautelaram a continuidade da linha ferroviária que apenas necessitava de electrificação e de novo material circulante. Quem responde agora ao empobrecimento da região, à amputação de uma via de comunicação essencial a um projecto de mobilidade racional e sustentável? Vem o chefe de gabinete da autarquia, no editorial do jornal Mirante, do mês de Novembro, chamar o BE de irresponsável porque se recusa a participar de forma activa na construção do país. Perguntamos: Que forças políticas aprovaram um orçamento de recessão, que em vez de criar emprego e riqueza, diminui o investimento e a capacidade de consumo das famílias? Quem aprovou um orçamento de excepções, onde apenas os mais fracos contribuem para o esforço de consolidação orçamental? Que forças políticas derrotaram neste orçamento a proposta do BE que previa a inclusão de 25 milhões de euros para a Refer para que o projecto da Metro Mondego não parasse? Podemos chamar responsabilidade ao voto contra do PS e à abstenção do PSD sobre esta matéria tão importante para o distrito de Coimbra? A verdadeira esquerda é acusada de só criticar e nada fazer e a direita o que faz? Estraga aquilo que outras gerações construíram com a conivência de um PS rendido ao seguidismo socratiano.
O núcleo do BE não quer, nem vai entrar em aproveitamentos políticos quando de repente todos acordaram para defender o Ramal da Lousã. Desde o início que defendemos esta linha, alertando para o despesismo exagerado, aliado a interesses ocultos. Agora a autarquia e pseudo- movimentos cívicos reagem? Onde estiveram quando alertávamos para a situação? Onde estiveram quando movimentos como o Movimento de Defesa do Ramal da Lousã lutaram para que não se extinguisse este serviço? Agora com tudo destruído querem juntar forças? O BE desde o início que se juntou a quem realmente defendia os interesses dos Mirandenses. A autarquia fez joguete, brincaram connosco enquanto estavam sentados na Metro Mondego e se diziam defensores dos interesses do município. Isso é que é responsabilidade?
Tem que haver consequências políticas para aqueles que pactuaram com a amputação do concelho e agora vêm reagir muito admirados como se não estivessem à espera desta prenda no sapato. Acaso os interesses partidários foram mais importantes? E agora? Quem responde por tudo isto?
Miranda do Corvo, 6 de Dezembro de 2010